30 de novembro de 2011

evidências

Eu não calço 35 como a minha mãe. E mulher de pé pequeno é mais bonito, né? Mais fácil de comprar sapato até. Eu queria calçar 35.
Eu nunca tive cabelo liso de verdade. Todo mundo diz que teve cabelo liso quando era criança, até quem tem cabelo bem ruim mesmo. Eu nunca tive. O meu sempre foi cacheado. Quando mais nova era mais cacheado ainda. Hoje ele é liso porque eu faço chapinha, mas se molhar ele fica cacheado. Mas ter cabelo liso me economizaria tempo e energia. Eu não reclamaria por ter cabelo liso.
A minha terapeuta disse semana passada que algumas pessoas não teriam problemas pra lidar com as coisas que me deixam assim, toda depressiva e amarga como eu sou. Eu disse que eles eram um bando de filhos da puta, mas é porque eu queria ser assim também. Mas não sou, e tenho que aprender a viver com isso. Mas eu queria ser.
Apesar de todas as minhas tias terem peito eu não tenho. Nem eu nem minhas primas. Não que hoje eu tenha problemas com isso, mas eu já tive e muito. Até os 15 eu achava que eles iam crescer um dia, e justificava dizendo que eu tenho bunda, então é normal que eu não tenha peito. Mas ai eu namorei uma coisa fofa que sempre destruía minha auto estima dizendo coisas do tipo " E bunda me serve pra que? Não me serve pra nada. Peito sim, mas né..."! Eu não tenho problemas com isso hoje e me aceito assim. Mas se eles fossem maiores eu não acharia ruim também.

E a lista é grande. Eu não tenho um monte de coisas. Eu queria ter um monte de coisas e algumas eu nem ligo. Mas ai eu tô conversando com a Talita e ela diz que eu não tô tentando, mas eu estava lá no meu pedestalzinho de euestoufazendoomelhorqueeuposso e me dei conta. Eu não tô tentando e nem a mim eu tô conseguindo enganar. Eu não tô tentando porque eu não quero. Eu não tô tentando e naquela estilo "Porque eu continuo a me bater com um martelo? É porque me sinto bem quando eu paro". Eu não tô tentando e nem pensei em tentar.
Mas sabe o porquê isso acontece mesmo? Porque eu não tenho vergonha na cara !

Porque eu comecei o dia incrivelmente feliz, depois eu fiquei com raiva, depois fiquei triste, depois fiquei feliz, depois fiquei nervosa, depois fiquei ansiosa e termino a minha noite não estudando pra química aplicada, como deveria, mas ouvindo Chitãozinho e Xororó e cantando como se não houvesse amanhã:


Eu me afasto e me defendo de você
Mas depois me entrego...



Eu entrego a minha vida
Pra você fazer o que quiser de mim
Só quero ouvir você dizer que sim
Diz que é verdade que tem saudade
Que ainda você pensa muito em mim...


É muita, muita falta de vergonha na cara!

25 de novembro de 2011

Todo mundo faz besteira, né. Mas a maioria das besteiras que eu faço é por achar que eu posso fazer, quando na verdade eu não posso.
Tipo quando eu resolvo ficar com alguém quando eu não tô pronta pra ficar com outra pessoa. Quando a ultima coisa que eu poderia fazer era ficar com outra pessoa. Mas enfim, eu penso que tenho que seguir em frente e ficar com outras pessoas. Só que como se não bastasse, eu escolho ficar com alguém que tem namorada. Na minha cabeça era até uma vantagem. Não vai me ligar no dia seguinte, não vai me perturbar e nem nada do tipo. Só que como é comigo nunca vai ser simples assim. Primeiro que eu não vou gostar de ficar com a pessoa, mas até ai é um simples problema. A bola de neve começa quando a pessoa me acha super legal e que precisa cuidar de mim. E resolve largar a mulher, me ligar 5 vezes no dia e começar a fazer planos. E eu sou assim, eu deixo a mão no bolso porque não quero andar de mãos dadas, eu não abraço e eu não deixo mexer no meu cabelo. Eu tento deixar bem claro que eu não vou querer nada. Mas a minha vida acontece com essa bola de neve.
E é por isso que meus amigos dizem que eu destruo a vida das pessoas. Porque eu passo a minha noite de quinta-feira tentando fazer com que um cara entenda que eu nem vou mais ficar com ele. Que eu não tô pronta pra isso.

23 de novembro de 2011

Não me entenda mal. Meu pai tinha um sitio. Eu passei minha infância andando a cavalo. Eu ia pro mercado a cavalo, até. Era Vilão o nome dele e eu me sentia a Deborah Secco em laços de família. Eu entrava no galinheiro pra pegar ovo pra fazer bolo e tinham muitos cachorros e outros bichos. Minha família sempre adorou animais e uma vez o meu pai até ajudou a cuidar de um falcão. Eu ia todo hora ver o falcão. Não me lembro o que tinha acontecido com ele, só lembro que ele tinha sido machucado e não estava voando. Lembro do dia que eu tentei tirar leite da vaca e sair correndo porque a teta dela era esquisita. Mas depois eu sentei lá e meu pai me ensinou e eu até consegui. Lembro que o porco correu atrás de mim quando eu fui brincar de pique esconde dentro do chiqueiro dele. Sendo assim não me leve a mal, era a coisa mais natural do mundo que eu quisesse ser  veterinária. Era tudo incrível. Minha mãe diz que eu não sabia nem falar direito e dizia que queria ser veterinária. Eu falava que quando fizesse 18 anos meu pai ia vender parte do sitio e ia começar a pagar minha faculdade pra ser veterinária. Eu ia pra pet shop onde a irmã da minha madrinha trabalha e ficava delirando com aquilo tudo. Até meus 11 anos.

Mas ai que eu era 10 quilos acima do peso. E um dia veio no jornal uma dieta. Dieta dos pontos, bem conhecida até. E minha mãe me fez fazer aquela dieta. Tudo que eu quisesse comer, valia dinheiro do meu banco imobiliário. Se meu dinheiro acabasse no dia, era só verdura e legume que eu podia comer. E eu emagreci. Demorei 1 mês pra começar a emagrecer, mas depois fui perdendo peso que nem água. Eu comecei a aprender muita coisa. Muitas duvidas vinham na minha cabeça sobre metabolismo e virou uma paixão. Uma paixão muito maior que a medicina veterinária. Eu comecei a achar incrível que tudo que vc come tem uma função no seu corpo. Uma função pra te manter vivo e saudável.
Eu me apaixonei por nutrição e todo mundo sabe disso.Me apaixono mais a cada minuto de aula e isso é verdade.  Me incomoda quando eu conheço alguém há mais de uma semana e esse alguém não sabe disso, porque eu falo disso o tempo inteiro.
Eu demorei mais do que eu queria pra entrar na faculdade. Eu não tenho tempo pra estudar tanto quanto eu sempre quis. Mas eu não consigo me livrar dessa sensação de fim de período. E não é a sensação de desespero. É uma sensação estranhamente otimista que me diz que agora só faltam 7 períodos pra poder ser quem eu sonho desde os 11 anos.

6 de novembro de 2011

Eu sou assim, uma hora eu adoro ter razão. Quando eu tô discutindo eu adoro ter razão. Quando eu tô trabalhando eu adoro ter razão. Uma das coisas que eu mais gosto de dizer nesses momentos é :" Eu tenho razão e você sabe disso!". Sou assim, capricorniana. Querendo ter o controle de tudo. Mas não é só o controle, é o orgulho também. E eu achava que tinha passado muito tempo perto de arianos pra ter orgulho, mas eu tenho.
Mas tem outra hora que eu não quero ter razão. Não que eu não saiba que é verdade, mas eu não quero ter razão. Quando eu penso que quando eu estiver terminando a faculdade eu vou ficar na merda porque vou ter que largar meu lindo emprego, eu não quero ter razão. Quando eu digo que eu sou sozinha e não tem como mudar isso, eu não quero ter razão. Eu sou assim, com ascendente em peixes. Absorvo energia dos outros. Fico feliz se quem estiver do meu lado estiver feliz e fico extremamente triste se estiverem triste também. E não consigo controlar isso.
Eu estava aqui assistindo Grey's Anatomy agora, porque uma pessoa MUITO LINDA  do meu trabalho me passou TODAS  as temporadas hoje. E a Dra. Grey vai conversar com o Sei Lá o Que dela, e sobre aquele assunto e diz a seguinte coisa: "Infelizmente, as coisas que me fazem te odiar, me fazem gostar de você também".  E eu sei disso. Sei que eu gosto do jeito maluco, da irresponsabilidade e de todas as outras coisas. Gosto disso e sei que ter tomado a minha atitude é agir com essa razão que eu tenho. Mas ao mesmo tempo eu odeio e odeio muito. E faria qualquer coisa pra não ter razão.

5 de novembro de 2011

Semana passada toda a equipe de informática do Ministério Público do Estado foi chamado pra assistir um curso, pra mostrar que o procedimento ia mudar. E ia ser uma mudança enorme. Determinado setor ia começar a fazer o trabalho do outro e um terceiro setor que ia terminar aquilo. Mas né, você chega pra pessoas que seguem o mesmo procedimento há 10 anos e diz que tudo vai mudar e vira um desespero.  Eles explicam muitas e muitas vezes como vai ser o novo procedimento, mas mesmo assim, a ideia de que vai mudar é tão assustadora, que ninguém para pra pensar no que vai ser feito. 
As pessoas ficam tão desesperadas com os erros que esquecem que existe um prazo pra se adaptar a esse novo procedimento. Que se acontecer algo de errado até o fim do ano, é porque se estava aprendendo.

E eu fiquei incomodada. Tô com a garganta doendo de explicar pras pessoas que a gente tem mesmo que deixar certas coisas pra trás e tentar entender o novo e se adaptar a ele. E cansada de tentar entender porque as pessoas não querem aceitar o novo.