31 de março de 2012

Quando você faz analise acho que a função do analista é perguntar coisas que você evita pensar todos os dias. E é isso que a Clareana faz. Fica lá me perguntando um monte de coisa que eu não quero responder. Então ela me perguntou essa semana se eu não sinto falta de sair pro cinema acompanhada, de sair pra jantar e essas coisas. E eu não sinto falta não. Não sinto mesmo. Mas depois de tanto pensar  nisso eu lembrei de umas coisas eu eu sinto falta sim.

Era dia dos namorados e a gente não ia poder viajar como a gente tinha combinado. Fingindo que a gente não tinha combinado porque era final de semana do dia dos namorados e que a gente não se importava com a data. Mas ele tinha projeto final da faculdade pra apresentar naquela semana e a gente ficou de 8h as 02h do dia seguinte, só tirando as fotos pra fazer a animação do projeto final dele, que ficou lindo. A gente foi dormir muito cansado e estava fazendo muuuuuuito frio. Quando eu acordei no outro dia ele estava da casaco.
- Você dormiu de casaco? Dormiu de casaco por quê?
- Na metade da noite você pegou todo o cobertor pra você.
- E por que você não pegou de volta?
- Eu peguei outro pra mim. Mas em pouco tempo você pegou ele todo pra você também. Ai eu coloquei o casaco.
- E por que você não me acordou ou pegou de volta?
- E deixar você dormir com frio? Sem condições, Vânia. Sem condições!

Disso eu sinto falta. Tá bom pra você agora, Clareana?

15 de março de 2012

Com 15 anos eu não quis uma festa. Eu quis viajar e passar 2 meses o mais longe da minha família possível. Minha mãe ia na quarta que era o dia de folga dela e todo o meu problema era em esconder as garrafas de bebida, maconha, loló e se ela tinha deixado comida e dinheiro.
Assim que eu fiz 16 anos eu sai de casa e fui morar com a minha madrinha em Bangu. Passei uns 4 meses lá, mas voltei pra casa porque meu pai tinha dito que ia embora e ia ficar tudo bem.
E eu brigava muito com a minha mãe. Depois ela brigava muito comigo. Meus ex namorados achavam um absurdo o jeito como ela me tratava ( menos o primeiro, porque ele é foda né).

A minha mãe tinha um tumor na tireoide. Todas as minhas tias tiveram e tudo mais, mas a minha avó morreu por esse tumor. Então segunda e fui no médico com ela e o médico disse que o tumor tinha avançado muito e que ela ia ter que fazer a cirurgia o mais rápido possível. Eu entrei em desespero, porque minha mãe hoje é minha amiga, até. Mas é a minha mãe e imaginar viver sem ela aqui é a pior coisa que poderia acontecer.
Então a cirurgia que demora normalmente 3 horas, levou 7 horas pra ser feita. Eu fiquei tão desesperada no trabalho que tremia e não conseguia fazer nada. Ligava de 30 em 30 minutos pra enfermaria pra saber da cirurgia que nunca acabava. Então eu resolvi ir. Sai do trabalho e quando consegui entrar no hospital vi que ela tinha acabado de chegar e tava dormindo. Então eu agradeci muito, muito e muito por ela ser tão boa e tão forte, como eu nunca fiz antes.

6 de março de 2012

O céu se abre pra mim

Hoje eu demorei muito pra entender uma coisa. Na verdade faz um tempo que eu venho assim sem entender isso. Eu sempre digo que eu tenho que lidar com as duas pessoas dentro de mim, a boa e a extremamente maluca. A que pensa em tudo e a que diz sim pra qualquer coisa imoral, só que nunca tinha exigido tanto de mim antes.
Sexta feira eu sai como sempre saio e a noite não terminou muito diferente das outras sextas feiras dos últimos 3 ou 4 meses. Mas o problema é que no domingo as 01h30min eu ia dar uma palestra na igreja, que eu tinha sido convidada por uma amiga havia uns meses. Eu cheguei em casa no sábado e dormi até umas 15h, e quando eu acordei lembrei que meu tema de palestra era "sei que tudo posso, mas nem tudo me convém". Dai minha consciência pesou. Eu fiquei pensando em quanto eu seria hipócrita por  falar desse assunto, sendo que minha vida não seguia esse titulo ultimamente. Quando eu cheguei lá e me disseram que tinham quase 200 jovens eu entrei em desespero. Eu comecei a rezar pedindo perdão e mais perdão. Então me chamaram e eu que até ali não tinha planejado nada pra falar, falei por 50 minutos sem parar.
Depois da minha palestra tocou uma música que eu tinha escolhido que tem o trecho " Hoje eu posso ser, um novo homem pelo teu poder. Renascer!"
E eu comecei a chorar. Não sei se foi porque março era mês de aniversário do meu irmão e hoje e o mês em que ele morreu, se foi por arrependimento, se foi por não estar me sentindo bem aquela semana quase toda, se foi pela emoção ou se foi tudo junto. Eu só sei que eu fiquei quase uma hora chorando, depois chorei de novo.
E eu voltei pra casa me sentindo bem. E tô me sentindo bem até agora, tanto que até em casa disseram que no domingo que era visível a mudança.
Então eu percebi que tô completa.Um cara hoje falando comigo disse que a gente pode não sentir fisicamente, mas a alma sente o peso das coisas erradas e eu entendi que foi isso. Minha alma agora está leve, eu estou leve e eu quero ficar assim por muito e muito tempo.